Weg S.A.– Analise de investimento

NÃO SE TRATA DE UMA RECOMENDAÇÃO DE INVESTIMENTOS.

Estou apenas passando a opinião, só lembrando que eu não tenho certificação que me qualifique em absolutamente nada, apenas uma resenha amadora.

Quem é a WEGE3?

A WEG é uma empresa brasileira que produz equipamentos eletroeletrônicos - sobretudo "bens de Capital", ou seja, máquinas e outros bens empregados na Indústria – como máquinas elétricas, tintas e outros bens voltados para a automação. Ela ainda se destaca em inovação pelo desenvolvimento constante de soluções para atender as grandes tendências voltadas a eficiência energética, energias renováveis e mobilidade elétrica. Seu portfólio contém uma ampla gama de produtos (mais de 600 linhas).

Ela apresenta ainda filiais em 36 países, e fábricas em 12.

Arrisco dizer que se tratam de 12 países extremamente estratégicos: EUA, México, Brasil, Argentina, Colômbia, Índia, China, África do Sul, Espanha, Portugal, Alemanha e Áustria. Desse modo, a empresa está bem posicionada dentro dos BRICS (salvo na Rússia), bem como apresenta instalações na maior economia do mundo e na Europa.

Além do Brasil, a WEG ainda vende produtos parra 135 países. Em 2019, 58% do faturamento líquido da empresa era proveniente do exterior.

Não obstante, a WEG apresenta investimentos pesados tanto para: a) aquisições; como b) investimentos no amplo setor de produção de energia elétrica, infraestrutura e indústria 4.0 (ao que cabe a questão: no curto prazo, será que esses produtos serão direcionados para o exterior ou para o Brasil? Ao meu ver, o exterior). O Índice de Inovação Tecnológica foi de 50,1% - isso significa que 50,1% do faturamento da empresa é decorrente de produtos inovadores, lançados nos últimos 5 anos).

Analisando a mão de obra: 89,4% são empregados e apenas 10,6% terceirizados. Se por um lado isso abre margem para uma possível redução de custos no futuro com o crescimento da terceirização, por outro, ao manter essa estratégia a empresa se mantém mais próxima de um bem-estar geral de seus trabalhadores, posto que o trabalhador terceirizado comumente goza de menos direitos – cabe a reflexão, talvez a atual forma de contrato na verdade aumente a produtividade dos trabalhadores, que por sua vez se sentem menos explorados e ficam mais felizes

Ou seja,

i) É uma empresa que depende sobretudo do crescimento industrial, mas que pode se beneficiar da revolução energética do século XXI.

ii) É uma empresa que não está inteiramente exposta ao risco de desindustrialização do Brasil, mas este ainda é considerável (participação de 42% do faturamento líquido).

iii) É uma empresa que trabalha com inovação! O que significa a expectativa de pesados investimentos no futuro.

ESG ? WH@T? (Governança Ambiental, Social e Corporativa)

A empresa afirma buscar a promoção dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) fixados pela ONU.

Ética e Integridade: para a empresa, abrange tanto a gestão interna quanto seu relacionamento com os stakeholders e consumidores. De modo geral, adotou-se um “sistema de compliance, que conta com políticas e diretrizes específicas, mapeamento e prevenção de riscos, sistema de denúncia, independência da área responsável e capacitação contínua dos colaboradores de forma geral e com foco específico em áreas estratégicas”.

  • Adoção de normas internas + legislação brasileira e estrangeira contra a corrupção e outros atos lesivos;
  • Presença de um Código de Ética;
  • Capacitação contínua dos colaboradores;

Governança Corporativa: A empresa vê a governança corporativa como uma necessidade decorrente do respeito àqueles que foram parceiros da empresa ao longo do tempo. Ela se encontra no segmento Novo Mercado, aderindo, portanto, a uma série de exigências e possuindo apenas ações Ordinárias. Com um free float de 35,38% e 100% de Tag Along. Bons indicadores, posto que é preferível que os controladores mantenham a maior parte acionária como forma de alinhar seus interesses com aqueles da própria empresa.

A WEG tem ainda um sistema de Gestão de Risco em conformidade com os padrões internacionais – o que é ideal em tempos de ETFs globais e busca por boa gestão.

Inovação e Sustentabilidade: A empresa busca se adequar a uma economia de baixo carbono nos moldes Empresa e Consumidor (B2C). Para isso vamos analisar alguns objetivos da companhia:

  1. Busca por formas mais eficientes de energia;
  2. Soluções Integradas para veículos elétricos;
  3. Estações de Recarga para veículos elétricos;
  4. Energia Solar;
  5. Energia Eólica;
  6. Geração Hidrelétrica (questionável a sustentabilidade)
  7. Tintas líquidas (apresentam menor impacto ambiental).

Um adendo: apenas 8% da matriz energética brasileira é composta por energia eólica, 0,8% solar e 60% hídrica. Nesse sentido, espero no futuro um aumento significativo da energia solar (que deve saltar de 0,8 para 10% nos próximos 10-15 anos) e da eólica (de 8 para 14%) às custas do combustível fóssil (que deve ir de 15% para no máximo 5%) e redução no percentual de energia hidrelétrica que deve ocupar 54,2% da matriz energética. Isso são estimativas conservadoras, considerando os impactos na geração hidrelétrica e a praticidade do uso de painéis solares, que tendem a ter custos barateados conforme são desenvolvidas novas tecnologias.

A pesquisa é majoritariamente feita pelo departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, focando em três aspectos: competitividade, confiabilidade e conectividade. 80% dos projetos PDI programados para 2019 foram concluídos. Uma taxa considerável levando em conta a impossibilidade de assegurar o desenvolvimento da inovação em um tempo preciso.

Dentro desse departamento, incluem-se as chamadas “pesquisas abertas”, ou seja, parcerias realizadas com outras empresas – comumente startups. Há ainda um ecossistema que integra equipamentos e sensores, deixando-os atualizados e consequentemente possibilitando o monitoramento em tempo real da cadeia produtiva – trata-se do WEG Digital Solutions.

Existe ainda um programa para assegurar a manutenção dos padrões de qualidade dos produtos.

Gestão ambiental: A empresa claramente tem consciência da importância de uma boa gestão ambiental para os clientes futuros, na tendência acentuada de fuga para as “ESGs”. Com maior destaque, a empresa possui o KAIZEN WEG, um programa de gestão participativa que promove soluções propostas pelos colaboradores da empresa.

Esse projeto m 2017 apresentou um total de 154 melhorias na área ambiental decorrente de suas propostas, em 218, 571 melhorias. Já em 2019 foram no total 1.151 melhorias.

Existe ainda o: WEG MANUFACTURING SYSTEM (WMS) que tem como prática de gestão a eco-eficiência e produção mais limpa. Esse programa é baseado nos conceitos, princípios e técnicas do WCM – World Class Manufacturing. O WMS tem por base pilares técnicos e gerenciais, dentre os quais o Pilar de Meio Ambiente, que tem como objetivos:

  • Reduzir impactos ambientais;
  • Reduzir consumo de recursos energéticos e hídricos;
  • Reduzir refugos;
  • Reduzir perdas e desperdícios.

Ou seja, é um projeto que concilia produtividade e sustentabilidade.

A empresa ainda define uma série de metas anuais no sentido de Minimizar resíduos; Minimizar consumo em geral na produção/operação; Aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais. Em 2019, cumpriu-se entre 51 a 75% das metas (assumirei o menor valor da faixa indicativa – 51%).

A empresa realiza três tipos de investimento em meio ambiente:

  1. Controle ambiental: relacionado com tratamento e disposição de resíduos, tratamento de emissões atmosféricas e líquidas, seguros de responsabilidade ambiental e depreciação de equipamentos e despesas com materiais e serviços de manutenção.
  2. Equipamentos: relacionados à aquisição de equipamentos para controle ambiental.
  3. Gestão: relacionado à remuneração de profissionais de treinamento que exercem atividades de gestão ambiental, pesquisa e desenvolvimento, certificação de sistemas de gestão ambiental.

Em 2019 foram investidos 10 milhões e 426 mil reais nesses investimentos (somente no Brasil!).

Criação de Valor para as partes interessadas: como último aspecto relevante para a análise ESG da WEG destaco o Centro de Treinamento de Clientes, que apresenta os seguintes objetivos:

  • Capacitar clientes no manuseio e uso dos produtos WEG;
  • Contribuir com o desenvolvimento técnico;
  • Promover o uso racional da energia elétrica, gerando menor impacto ambiental;
  • Fortalecer relacionamento com instituições de ensino;

Podendo participar do curso: revendedores, assistentes técnicos, Fabricantes de Máquinas, Consumidores Finais, Escolas técnicas e/ou Universidades, Representantes Comerciais e colaboradores WEG.

Os cursos são periodicamente atualizados conforme a WEG adentre novas áreas de atuação, existindo tanto os presenciais (34 em 2019) quanto EaD. Desde o começo da inciativa em 2000, a WEG já treinou cerca de 50.000 pessoas, 4362 somente em 2019. Cabe ressaltar que, apesar de possuir apenas 2 cursos, o modelo EAD foi responsável por quase 25% do total de inscritos – algo a se notar, especialmente após a pandemia.

A empresa ainda oferece visitas guiadas a empresa e promove feiras.

portanto temos que:

  • A WEG é uma empresa do setor industrial com cada vez mais intenção em penetrar o setor de produção de energia renovável;
  • Ela busca promover o desenvolvimento sustentável aliado a uma política de eficiência tanto externamente quanto internamente;
  • A existência de cursos e a preocupação com o cliente geram um marketing positivo para a empresa.
  • A empresa busca se adequar aos mais altos padrões éticos e de governança corporativa.
  • Desenvolvendo projetos em conjunto com seus colaboradores, oferecendo capacitação para lidar com seus produtos e realizando parcerias com startups a WEG impacta positivamente a comunidade.

Em suma: sejamos céticos, o conceito de ESG é muitas vezes manipulado pelas empresas que querem apenas “soar bem”, mas no caso da WEG, não me parece possível tomar essa conclusão, por uma questão muito simples – a empresa busca penetrar o mercado de energia renovável e só o pode fazer eficientemente adequando-se a necessidade de sustentabilidade, tanto pelo público consumidor, quanto pela própria coerência do produto.

Resultados recentes (3T20)

Desde 2017, com a recuperação econômica, o CAGR da Receita Líquida de Vendas ou Serviços foi 20,45%. Essa receita operacional líquida é composta 57% de vendas no exterior e 43% no Brasil.

A receita do mercado externo em reais foi positivamente impactada pela variação do dólar norte-americano médio, que passou de R$ 3,97 no 3T19 para R$ 5,38 no 3T20, com valorização de 35,5% sobre o Real. Deve-se considerar também que os preços de venda praticados nos diferentes mercados são estabelecidos nas diferentes moedas locais, de acordo com as condições competitivas regionais. Nas moedas locais, ponderado pelo peso de cada mercado, a receita líquida do mercado externo apresentou crescimento de 4,5% em relação ao 3T19.

Quanto ao desempenho das áreas de negócio:

O mercado de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais continuou sua recuperação no mercado Externo e Interno (neste último sobretudo os equipamentos de Ciclo curto - com destaque para os produtos seriados de automação e motores de baixa tensão, em parte associados com a alta demanda nos setores de construção civil e a agroindústria). Ainda no Brasil, Entregas de projetos importantes contribuíram para o bom trimestre dos equipamentos de ciclo longo, com destaque para os segmentos de mineração, óleo e gás, e papel e celulose

Em compensação no mercado externo começou a se verificar no 3T20 uma queda pela demanda de materiais de ciclo longo, provavelmente reflexo da pandemia que perdura.

No total, o mercado de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais colaborou com 51,5% da receita operacional líquida.

O segmento de Transmissão, Geração e Distribuição de energia continuou sua recuperação ao longo do trimestre tanto no mercado interno, quanto externo – neste último sobretudo nos EUA, México e Europa. Esse segmento contribuiu com 34,3% da receita.

Situação semelhante se verificou no segmento de Motores Comerciais e Appllance (9,9% da receita) e no de Tintas e Vernizes (4,3% da receita, com destaque para a recuperação na Argentina).

O retorno da atividade normal na maioria das operações ainda colaborou com a margem bruta que aumentou 1,5 pontos percentuais em relação ao 3T19 (totalizando 31,5%).

As despesas de Vendas, Gerais e Administrativas (VG&A) consolidadas totalizaram R$ 564,9 milhões no 3T20, um aumento de 27,1% sobre o 3T19 e um aumento de 12,5% sobre o 2T20.

Quando analisadas em relação à receita operacional líquida elas representaram 11,8%, 1,5 ponto percentual menor em relação ao 3T19 e 0,6 ponto percentual menor em relação ao 2T20. Vale destacar que parte dos ajustes realizados desde o início da pandemia continuam a contribuir para o controle das despesas, ainda que em menor intensidade quando comparado ao 2T20. Principalmente em relação à redução nas despesas com vendas, como viagens de negócios e a redução de jornada e salários ainda presentes em algumas operações neste trimestre.

O lucro líquido no 3T20 foi de R$ 644,2 milhões, com crescimento de 54,0% em relação ao 3T19 e crescimento de 25,2% em relação ao 2T20. Já o EBITDA no período (3T20 comparado com 3T19) cresceu 61,5%

Quanto ao CAPEX, segundo a empresa:

“No 3T20 investimos R$ 148,7 milhões em modernização e expansão de capacidade produtiva, máquinas e equipamentos e licenças de uso de softwares, sendo 49% destinados às unidades produtivas no Brasil e 51% destinados aos parques industriais e demais instalações no exterior. Ressaltamos a retomada dos investimentos neste trimestre, os quais foram parcialmente suspensos no início do 2T20 devido ao cenário de grande incerteza trazido pela pandemia. Os dispêndios nas atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação totalizaram R$ 322,1 milhões, representando 2,6% da receita operacional líquida nos nove meses de 2020.”

A WEG é uma empresa maravilhosa, resta você considerar se vale a pena comprar o ativo nos patamares atuais.

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